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A bolacha com sabor de autossabotagem
Bolacha ou biscoito, tanto faz o seu time: você pode se a última bolacha do pacote sem saber. E isso tem cheiro de procrastinação com notas de autossabotagem. | A Tal Jornada Criativa, Roteiro #04
Não espere. O tempo nunca será ‘certo’. Comece de onde você está e trabalhe com as ferramentas que tiver.
Novidade: só para você, há um quiz e um teste no final deste Roteiro.

Tem só UMA bolacha aqui e parece que é bem especial.
Até meados de 2024, ainda lembro do pacote de bolachas que já estava aberto há alguns meses. Dentro, só restava uma delas — a mais especial de todas.
Todos os dias, a jornada de trabalho já me esperava com os imprevistos como parte rotina, embora tivesse algum planejamento.
Abria o computador, me ajeitava na cadeira e me preparava para a reunião online. E depois… um café e uma playlist animada. A bebida era o combustível e a música, a melhor companhia do trabalho remoto.
Em seguida, olho para as minhas anotações. E no meio delas, várias notas sobre projetos pessoais que aguardavam a sua vez.
“Hmm, ainda não…” — pensava. **Tinha que terminar aquele compromisso com o time ainda.
Contudo, o tempo corria sem esperar e tudo parecia fazer parte do processo.
Quando terminasse as demandas do trabalho, poderia voltar para dar atenção aos projetos pessoais — claro, se tivesse energia depois do expediente.
Isso é como se saborear a última bolacha do pacote depois a tornasse mais saborosa.
Mas a bolacha já estava lá há tempo demais, ameaçando perder a crocância e o frescor… mas, algo me dizia que tinha mais de uma lá e que cada uma tinha algo especial.
E foi aí que, antes que a bolacha ficasse borrachuda, a luminária mirou o meu rosto e como num interrogatório, acusou:
“Por que se acha tão especial? Pare de procrastinar!”
Prepara a sua mochila e vamos explorar essa jornada agora!
Cheiro e sabor de autossabotagem

Ei, essa bolacha tem cheiro e sabor familiar, não acha?
O preço da grandeza é a responsabilidade.
Vou direto ao ponto: eu me achava importante demais no trabalho, o pilar que mantinha alguma organização naquele ambiente. Ou seja, me achava a última bolacha do pacote — e tudo sem saber.
Aliás, você pode ter se acostumado a pensar que a expressão fala de pessoas que gostam de chamar a atenção, em especial quando:
Alguém fala alto e sem parar durante uma reunião, para todo mundo saber quem está falando;
Alguém se sai superbem e recebe elogios depois de alguma apresentação importante;
Alguém que faz questão que todos saibam que teve o melhor desempenho do mês;
Alguém que tenha qualquer habilidade fora do comum — e faz questão de mostrar isso.
Mas também existe esse lado: achar que é uma peça indispensável para manter a organização e a sanidade do time no caos. É uma pegadinha infame da mente.
Talvez seja um conceito sem-graça, a ideia de ser a peça central do projeto que estava só na minha cabeça. Isso me mantinha na pele da boa colega, a ponta-firme em todos os times.
“Ué, mas ter boa reputação é ótimo, não é?”
É e não é. Nesse sentido, contribuir com qualidade sem dispensar compostura e bom humor é algo fundamental da minha personalidade.
Mas, se o assunto são planos pessoais, sem perceber, estava só empurrando com a barriga. Ou seja, deixava a procrastinação sussurrar à vontade no ouvido:
“Você tem coragem mesmo de deixar seus colegas na mão? Eles vão ficar desesperados se você sair com todo esse conhecimento. Pensa bem…”

O que acha de adiar mais um pouco? Tá mais confortável aqui.
A procrastinação me fazia achar que todos dependiam do meu trabalho, toda vez que alguém saía ou era “saído”.
Era prato cheio para a autossabotagem: essa situação me tornava refém de mim mesma ao achar que, se deixasse o posto de trabalho, a equipe viraria um caos.
Ou seja, era uma postura arrogante despercebida, pois achava que a equipe funcionava melhor ao ficar, enquanto alguém perfeito não aparecesse.
Só que, mesmo que esse alguém perfeito chegasse, a mente continuaria buscando alguma desculpa.
Logo, a procrastinação é a irmã mais nova da autossabotagem e andam juntas o tempo todo.
Por medo da rejeição, eu fiquei. Minha imagem era importante, já que, como qualquer ser humano, é natural ser egocêntrica, mesmo sem perceber.
Diante da possível fuga da zona de conforto para o desconhecido, essa armadilha da mente ataca sem piedade. Vira a desculpa perfeita para sair pela tangente, com o medo oculto sob a pele da boa profissional.
Mas, com o tempo, aprendi que o trabalho não deveria definir ninguém. E que a equipe passaria por um caos inevitável, uma hora ou outra.
Mais do que isso: logo as pessoas se reestruturariam e, mais importante ainda, já não seria mais da minha conta.
Ser “ponta-firme” não mede competência, nem compromisso. E muito menos, valor próprio.
E quando percebi tudo isso, era hora de dar um basta às desculpas. Esta última bolacha do pacote estava com sabor ruim, textura desagradável e fedia a medo.
Optei por confiar nas pessoas e era chegada a hora de deixar fluir e ir com medo mesmo.
Peguei minha mochila e saí para uma nova, temida e emocionante jornada, para enchê-la com novas experiências.
Antes, que tal mudar a visão sobre ser a única bolacha especial?
Prepare sua mochila

Em minha mochila de experiências, levo várias bolachas comigo
A honestidade é o primeiro capítulo do livro da sabedoria.
De fato, sair desbravando um mundo novo não é tão simples assim. Enquanto planos e objetivos estiverem só no papel, não passam de fantasiosos romances.
Sair para uma jornada desconhecida é desafiador, exatamente como dizem que é. Uma atrás da outra, a vida lhe joga pedras e você escolhe entre fugir ou aceitá-las, ao lapidá-las até que se tornem experiências de valor.
Seja como for, uma das versões da autossabotagem foi desmascarada e por fim, mais uma trava se desfez.
Desta vez, a mochila de experiências está se enchendo de bolachas com um novo conceito: a cada jornada, além de não ter mais uma só, coleto outras com histórias, aromas, sabores e texturas diferentes.
Por isso, qualquer bolacha do pacote é especial e deixa marcas em pelo menos uma pessoa, com rastros de cheiro e sabor agradáveis.
Caso você esteja passando por uma situação como a deste Roteiro, te convido a se libertar o quanto antes. Preocupe-se apenas em deixar um rastro de seus melhores valores para quem ficar e assuma a direção da sua vida.
Dessa forma, será possível evitar que o jogo vire contra você para que veja como o mundo é amplo, do alto de uma montanha. Para tanto, aplique a honestidade a seu favor. Se a sua rotina não lhe preenche, pergunte-se:
Onde está o meu foco, de verdade?
É isso mesmo que vai me dar o futuro que tanto quero?
Sabendo que sair da zona de conforto será desafiador, estou com as finanças e a mente em dia?
Tenho apoio psicológico (familiar ou profissional mesmo) nesta jornada?
Por fim, um recado importante: o papo até aqui não é só sobre empreender. É também sobre evoluir e ousar, mesmo na sua zona de conforto — é possível sim, mesmo na sua vida atual, explorar outras perspectivas, novos horizontes e deixar uma marca por onde você passar.
Seja uma bolacha inesquecível, mas não a última, combinado?
Obrigada pela sua companhia nessa jornada!
Um beijo no coração,
Cris Saito 🧭
Item de jornada extra: o dinheiro

Mochila financeira preparada: partiu!
Sobre sair da zona de conforto: caso queira mesmo cair na aventura da autonomia e nunca tenha feito isso antes, vai uma pergunta amiga: sua reserva financeira existe?
Não só isso: se ela existe, que vá te socorrer por pelo menos um ano ou mais? Porque o inverno desse mundo costuma ser rigoroso e arriscado.
Agora, sobre como montar a sua reserva financeira, garanto que há muito conteúdo no YouTube sobre isso. Esse assunto já foi simplificado há algum tempo e eu fui uma das pessoas que se beneficiou disso — e eu não sabia nada, pois sou de humanas…
Então, caso ainda falte dinheiro para te segurar, tenha paciência e faça a sua reserva antes, tá bom? Recomendo muito.
Por último e tão importante quanto o pé-de-meia: tenha, também, pessoas que te apoiem nessa decisão, seja amigos (de verdade), parceiros ou familiares. É crucial para que essa jornada renda muitos frutos e tesouros.
😛Bastidores da jornada
Curiosamente, a foto que estampa este Roteiro foi a primeira que produzi na história de A Tal Jornada Criativa.
Não tinha ideia de como ilustrar cada texto. Mas, por acaso, um pacote de bolachas RARÍSSIMO termos em casa estava pronto para uma sessão de fotos.
Na época, estava escrevendo um outro texto que serviu de inspiração para este. E não, não está em A Tal Jornada Criativa… foi só um treino mesmo.
Inclusive, serviu para descobrir que olhar bem para o lado é desastroso para uma foto, além de uma manta colorida sobre o sofá-futon ficar terrível. Daí surgiu a ideia do fundo em preto-e-branco.
POR SORTE, estava com uma roupa preta. Só por isso, deu para aproveitar a foto. 😎

Não dá para ver a câmera enquanto se olha para o lado. O resultado da arte se vê depois 🙃
Reflexão semanal
É melhor ser odiado pelo que você é do que amado pelo que você não é.
Quando soube de uma parte da trajetória de Kurt Cobain, não pude ignorar esta afirmação. Enquanto alguém se prender à imagem que criou para si, viverá em uma prisão quase o tempo inteiro.
Em tempo, Kurt não varreu para debaixo do tapete quem realmente era e foi polêmico por isso. No entanto, deixou suas marcas por onde passou e tornou-se inesquecível por seu talento, que exerceu com tanta paixão. Tem mais sobre isso nesta jornada: Os quatro segredos e um pudim de sucesso
Curiosamente, estou acompanhando também o mangá de Oshi no Ko (por não conseguir acompanhar na Netflix). Ignorando as falhas em detalhes de história na minha opinião, a trama é fala sobre a indústria da mentira.
Até então, não havia refletido: muitos artistas precisam se apoiar na mentira para ganhar popularidade e sobreviver na profissão. Pois é, nem tudo são flores — artistas são, no final do expediente, tão seres humanos quanto você: longe da perfeição, algo relativo e utópico.

Quiz + teste: vamos jogar!
Que tal brincarmos um pouco? Montei um quiz sobre este Roteiro e um teste para verificar qual é o nível da sua autossabotagem.
É rapidinho — é só para brincar mesmo, sem compromisso. Vai lá!
❓ Quiz: o sabor da autossabotagem
📋 Teste: você está se autossabotando?
Para fechar
"A grandeza de um homem não está na quantidade de riqueza que ele adquire, mas na sua integridade e na sua capacidade de afetar positivamente aqueles ao seu redor."
😘
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