Como fazer trabalhos criativos memoráveis?

Cada criação sua deixa uma marca no coração das pessoas. Isso pode não ser tão simples, mas ao entender uma coisa, torna-se a melhor missão do mundo. | A Tal Jornada Criativa, Roteiro #05

“Uau! que revista linda, era o que eu precisava!” — pensei, com minha expectativa.

O ano era 2006. Como designer recém-formada, lembro-me das revistas que montava para uma editora na época. E para continuar empregada, tinha que manter a qualidade do meu trabalho.

Para a Cris daquela época, “qualidade” era o sinônimo de “trabalho bonito”, que respeita proporções, tem imagens bonitas e coerentes para embelezar o produto.

Entretanto, apesar de ser algo para um público específico, tinha um foco principal disfarçado: o meu ego.

Através dele e do “bom gosto” (algo relativo), conseguia o meu lugar ao sol do mundo profissional. Ou melhor, afastava o temido monstro da rejeição.

Só que a questão era produzir só para alimentar a vaidade. É o “criar por criar”, fazer algo “bonito, mas ordinário”, que até funciona. Mas não conversa com alma.

O tempo passou e as criações evoluíram e, sem saída, o ego cedeu espaço para a empatia, a destrava fundamental para criar com foco na experiência do público final.

Afinal, qual é o valor da empatia na qualidade do trabalho que sai de suas mãos?

Prepara a sua mochila de jornada e bora conquistar essa valiosa experiência!

O brilho da criatividade e a ilusão do ego

Para quem é este diamante mesmo?

Se você trabalha com a criatividade, imagine que a sua obra brilha como diamante, pois:

  • Está tudo bem alinhado.

  • Tem uma harmonia irresistível.

  • Está fácil visualizar e entender.

  • É gostoso de ver ou ler.

  • Cumpre bem o seu papel de chamar a atenção.

Por outro lado, tem certeza que se lembrou:

  • Da pessoa que não enxerga bem as cores que compõe o projeto visual?

  • De tomar cuidado com a linguagem (gírias, regionalismos, vícios)?

  • Da coerência entre imagens, texto e contexto do conteúdo?

  • De considerar o que a pessoa, do seu público, quer de verdade?

  • Que a pessoa do seu público não é você?

Isso mesmo: a pessoa que irá consumir o seu trabalho não é igual a você.

Bem ou mal, você é a pessoa mais próxima de si e é, de longe, a mais simples de agradar.

Por isso é que falar sobre algo que você gosta é tão animador. É gostoso pensar sobre o que você quer e nem tanto assim sobre o que a outra pessoa quer.

De forma quase inconsciente, a mente vai pelo caminho fácil da zona de conforto, a amigona que faz um carinho e seduz o ego com elogios.

Afinal, o ego retribui com a deliciosa sensação de bem-estar, orgulho e comodidade.

Além disso, o medo de não se encaixar ao padrão também contribui: suas criações são de encher os olhos e refletem as referências da área, mas não têm personalidade própria.

Como resultado, acontece de não impactar quem deveria ou, até mesmo, atingir o objetivo da forma errada — já que falta algo a quem deveria se interessar.

Assim, a vaidade leva ao fracasso, à perda de significado da criação e acaba em decepção.

Quando não há valor nenhum em troca, não há retenção e o esquecimento vem num piscar de olhos.

Para chegar no coração da pessoa certa, você deve entregar brilho ao invés de beleza e, assim, favorecer uma das melhores ferramentas do sucesso: a prova social ou a fofoca boa — quando as pessoas falam do que gostam e espalham para muitas outras.

Então, qual é o caminho para criar algo que realmente toca o coração de quem importa?

Crie com interesse nas pessoas

É ouvindo o que têm a dizer que se chega mais rápido aos seus desejos.

Sei que você já recebeu um convite para opinar sobre um produto ou serviço que consumiu.

Isso mostra que, para saber o que alguém pensa ou precisa mesmo não basta só observar seus hábitos.

Por isso, é essencial ouvir e observar o que uma pessoa diz e sente sobre o produto ou serviço, com as pesquisas.

Portanto, não se trata de criar para interessar às pessoas. Trata-se de criar com interesse nas pessoas.

Ou seja, ao descobrir os reais desejos, dê à pessoa o que ela precisa para resolver seu problema e não algo que você acha que ela fará bom aproveito.

No entanto, cuidado: opiniões de chefes, colegas de trabalho ou familiares não contam, a menos que façam parte do público final.

Uma técnica útil é manter o foco em uma pessoa só: em projetos de comunicação, existe o cliente ideal fictício, que reúne os pontos mais recorrentes de quem deve impactar.

É mais assertivo olhar e falar para uma pessoa só do que expandir demais e abrir para a generalização. Como diz o clichê: “falar com todos é falar com ninguém”.

Então, entender as pessoas é crucial para entregar através da criação. Ofereça o que elas desejam, fortaleça conexões e abra espaço para a visibilidade e o sucesso.

Mas, o que é empatia mesmo e como entregar o que as pessoas desejam?

Toque no coração das pessoas

Aqui está mais brilho para o seu coração.

Para começar, empatia não é simplesmente se colocar no lugar da outra pessoa, ao fazer de conta que sente o mesmo que ela.

Enxergar a perspectiva exata do outro é quase impossível, pois cada um tem a sua vivência. Mas, é possível compreender o que se passa.

Por exemplo, você pode dimensionar a dor da perda de uma avó, mas não sentir exatamente a mesma coisa porque as suas ainda estão bem vivas. Mas, pode imaginar ficar sem uma delas, o que já serve como um parâmetro para você.

A empatia considera o contexto da situação vivida: o que e porquê a pessoa sente alegria, angústia ou tristeza.

Por isso, a empatia abre também para refinamento na estratégia: aquilo que as pessoas precisam não é bem o que desejam para chegar ao objetivo.

Por exemplo, sabemos que as pessoas:

  • Precisam de um logo para a sua empresa, para representá-los. Mas, desejam um “desenho bonito” e que o designer vá fazê-lo bem. Ou seja:

    • Têm baixo conhecimento do trabalho real. Tenha compreensão, investigue a história por trás para desenvolver um bom logo.

    • Seu desejo é ser bem representado, se destacar no mercado e fixá-lo na cabeça dos clientes.

  • Precisam de uma geladeira em casa para conservar os alimentos. Mas, além de não querer pagar caro, desejam algo que gaste menos energia, tenha espaço e gele a sua bebida favorita sem demora. Ou seja:

    • Seu desejo é por economia na conta de luz e atenda ao que precisam com qualidade.

    • Nesse caso, fale menos do custo e mais dos ganhos que ela terá com a geladeira, que realmente atende o que ela precisa.

Em resumo, trata-se de falar sobre seus desejos e sentimentos, e não do processo para chegar até esse mesmo desejo.

Ninguém quer sofrer para alcançar um desejo ou objetivo, embora seja preciso alguma peleja, certo? A verdade dói e nem sempre precisa ser dita logo de cara — mas precisa estar ali, de alguma forma.

Por fim, afaste o ego de suas criações. Dê valor aos desejos do público e ganhe elogios por isso. Assim, você deixará sua marca em muitos corações por aí.

Lembre-se:

As pessoas esquecem o que você diz, esquecem o que você faz, mas não esquecem como você faz com que elas se sintam.

— Maya Angelou —

Nos vemos na próxima jornada!

Um beijo no coração,

Cris Saito 🧭

Se conselho fosse bom, não seria de graça 🤡

Às vezes, manter algo bobo em segredo é mais que necessário.

Principalmente se estiver comparando a situação de alguém a algo que já aconteceu com você, mas que não tem nada a ver com o contexto atual — mas serviu pra você compreender a outra pessoa.

A depender do que se lembrou para comparar, evite compartilhar... talvez o tiro saia pela culatra e você pode sair perdendo. Fica só entre você e você e esrá tudo bem!

Bastidores

Eu pensei seriamente se manteria as pistas 2006 e “recém-formada” logo no começo. Num flash, passei do pensamento “vou denunciar a minha idade” — a vaidade pura — para “e daí?” — não se é jovem para sempre —. As ruguinhas estão aqui, mas a minha mochila tá ficando orgulhosamente mais pesada! 😎

Quiz + teste: vamos jogar!

Que tal brincarmos um pouco? Montei um quiz sobre este Roteiro e um teste para verificar qual é o como está a sua empatia para a criação.

É rapidinho — é só para brincar mesmo, sem compromisso. Vai lá!

Quiz do Roteiro #05: empatia nas criações

📋 Teste: qual é o seu perfil de criação?

Para fechar

Não tente ser uma pessoa de sucesso. Em vez disso, seja uma pessoa de valor.

— Albert Einstein —

😘

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